MARTA FIGUEIREDO
PROJECTOS inTROVERTIDOS
Os meus textos são quase sempre curtos, incompletos, abertos… Interessam-me as coisas por terminar, em construção ou mesmo defeituosas, porque encerram muitas possibilidades. Talvez por isso, e porque aquilo que me dá mais prazer é ver e usufruir do que os outros, generosamente, têm para oferecer com o seu trabalho, procuro muitas parcerias. Gosto de livros em que os desenhos dizem tanto como as palavras. Gosto de ver peças de teatro em que o texto é só uma pequena parte - importante, sem dúvida – mas acrescentado com a encenação, com a música, com os corpos. Daqui resultam os “Textos à procura de desenhos”, um conjunto de esboços escritos do que poderá ser uma história ilustrada, uma peça, ou outra coisa qualquer que alguém, interessado em ler e transformar, tenha a gentileza de propor!
Sintam-se à vontade para escolher!!
Grada família
Interessa-me muito o prazer que as coisas simples, pequenas, quase invisíveis, encerram!
Interessa-me combater a ideia de que é preciso estar à frente, ser o primeiro, liderar! Os papéis secundários enchem-me a alma!
Interessa-me apelar ao usufruto do que já existe, daquilo que outros fizeram! E regozijar!
Aborrece-me a visão do mundo que nos impele a inovar, empreender, fazer, fazer, fazer, consumir, quando o que faz falta é contemplar, desacelerar, respeitar e receber!
Tudo isto, mais a preocupação com o planeta e os seus limitados recursos, transformou-me numa fábrica de reciclagem, a tentar fintar o excesso que nos rodeia.
Os livros “Estival e terna Marieta”, “Se tem de ser”, “Valle Colchagua” e “Brilho”, dos quais existe apenas um único exemplar, foram, originalmente, brochuras. Chamo-lhes “Grada família”, porque são uma família de textos que nasceram a partir de palavras e imagens já existentes, já lidas e vistas, já viajadas e manuseadas. Ao pegar nelas e ao rearranjá-las, não apago a sua origem. Os genes são os mesmos. Combinados de outro modo, resultam em identidades novas, únicas, diversas... Como acontece numa grande família!
